Embora lhe tenha faltado a qualidade literária dos chamados géneros nobres do seu tempo, Caminha compôs no bilinguismo característico da época, inúmeras glosas, cantigas e vilancetes, verdadeiro património da literatura de tradição oral. Sendo o poeta português mais representado no Cancioneiro Musical e Poético da Biblioteca de Públia Hortênsia de Castro, a sua obra foi editada em duas coletâneas poéticas: Poesias e Poesias Inéditas.
Inspirou-se em cantares antigos, portugueses e castelhanos, glosando os motes Na fonte está Lianor, Coifa de beirame,Catarina bem promete e muitos outros, dando assim forma a uma poesia popularizante com vestígios e formas da poesia oral.
A sua vertente clássica, influenciada pelos textos de Dante e de Petrarca, pode ser apreciada nas suas Poesias Inéditas(454 composições), que só foram imprimidas em 1791 a mando da Academia das Ciências, e na obra com o mesmo título editada em 1898, em Halle, por Priebsch, da qual constam 545 espécies, 452 das quais inéditas. Esta coletânea divide-se em duas partes, a primeira dedicada pelo autor a D. Francisca de Aragão, musa dos seus poemas de elogio, queixa e adoração convencionais; a segunda, a D. Duarte, mecenas e amigo.
Bibliografia: Poesias Inéditas (1791)
De Amor escrevo, de Amor falo e canto;
E se minha voz fosse igual ao que amo,
Esperara eu sentir na que em vão chamo
Piedade, e na gente dor e espanto.
Mas não há pena, ou língua, ou voz, ou canto
Que mostre o amor por que eu tudo desamo,
Nem o vivo fogo em que me sempre inflamo,
Nem de meus olhos o contínuo pranto.
Assi me vou morrendo, sem ser crida
A causa por que em vão mouro contente,
Nem sei se isto que passo é vida ou morte.
Mas inda da que eu amo fosse ouvida
E crida minha voz, e da vã gente
Nunca entendida fosse minha sorte!
in «Poesias Inéditas»
Imprensa Nacional, Lisboa, 1989
Pois Caminha, em suas, obras mostra a qualidade de seus sonetos com destreza. Ele evolui suas escritas e mostra o amor de uma visão que será inatingível, pois este amor é platônico.
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