quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Pêro de Andrade Caminha


( Não Há Fotos)

Poeta português, natural do Porto, nascido em 1520 e falecido em 1589, em Vila Viçosa. Foi camareiro de D. Duarte, duque de Guimarães e neto do rei D. Manuel, servindo também os Duques de Bragança, em Vila Viçosa, após a morte daquele. Este facto permitiu-lhe integrar-se na vida palaciana e dedicar-se, por inteiro, à poesia-divertimento requintado. Foi ainda fidalgo da casa de D. João III, diplomata, cavaleiro da Ordem de Cristo por intervenção de Filipe I de Portugal e provedor da Misericórdia em Vila Viçosa. Terá acompanhado D. Sebastião na expedição a África, a Alcácer Quibir, antes de desempenhar, em 1578, as funções diplomáticas já referidas.
A figura deste poeta foi durante muito tempo denegrida pelo facto de ter deposto contra Damião de Góis no processo inquisitorial que este sofreu e por uma alegada inimizade com Camões.
Embora lhe tenha faltado a qualidade literária dos chamados géneros nobres do seu tempo, Caminha compôs no bilinguismo característico da época, inúmeras glosas, cantigas e vilancetes, verdadeiro património da literatura de tradição oral. Sendo o poeta português mais representado no Cancioneiro Musical e Poético da Biblioteca de Públia Hortênsia de Castro, a sua obra foi editada em duas coletâneas poéticas: Poesias e Poesias Inéditas.
Inspirou-se em cantares antigos, portugueses e castelhanos, glosando os motes Na fonte está Lianor, Coifa de beirame,Catarina bem promete e muitos outros, dando assim forma a uma poesia popularizante com vestígios e formas da poesia oral.
A sua vertente clássica, influenciada pelos textos de Dante e de Petrarca, pode ser apreciada nas suas Poesias Inéditas(454 composições), que só foram imprimidas em 1791 a mando da Academia das Ciências, e na obra com o mesmo título editada em 1898, em Halle, por Priebsch, da qual constam 545 espécies, 452 das quais inéditas. Esta coletânea divide-se em duas partes, a primeira dedicada pelo autor a D. Francisca de Aragão, musa dos seus poemas de elogio, queixa e adoração convencionais; a segunda, a D. Duarte, mecenas e amigo.

Bibliografia: Poesias Inéditas (1791)

Reseumo: Pêro de Andrade Caminha (152?-1589) nasceu no Porto e faleceu em Vila Viçosa. Foi fidalgo da Casa de D. João III. Terá acompanhado D. Sebastião na expedição a África e em 1578 desempenhou funções de diplomacia. Foi provedor da Misericórdia de Vila Viçosa nos últimos anos de vida. Como poeta, foi amigo de Sá de Miranda e António Ferreira, partilhando com eles a estética clássica. A sua obra poética manteve-se inédita até 1791, data em que a Academia das Ciências de Lisboa publicou parte dela. Em 1898, J. Priebsch publica em Halle um volume com uma grande quantidade de composições inéditas.



SONETO I



De Amor escrevo, de Amor falo e canto;
E se minha voz fosse igual ao que amo,
Esperara eu sentir na que em vão chamo
Piedade, e na gente dor e espanto.

Mas não há pena, ou língua, ou voz, ou canto
Que mostre o amor por que eu tudo desamo,
Nem o vivo fogo em que me sempre inflamo,
Nem de meus olhos o contínuo pranto.

Assi me vou morrendo, sem ser crida
A causa por que em vão mouro contente,
Nem sei se isto que passo é vida ou morte.

Mas inda da que eu amo fosse ouvida
E crida minha voz, e da vã gente
Nunca entendida fosse minha sorte!

in «Poesias Inéditas»
Imprensa Nacional, Lisboa, 1989


















Um comentário:

  1. Pois Caminha, em suas, obras mostra a qualidade de seus sonetos com destreza. Ele evolui suas escritas e mostra o amor de uma visão que será inatingível, pois este amor é platônico.

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