quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Frei Agostinho da Cruz

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Vida e obra

Frei Agostinho da Cruz era natural da vila de Ponte da Barca, na bela província do Minho, onde nascera junto ao rio Lima em 3 de Maio de 1540.

Moço fidalgo de nome Agostinho Pimenta, passou a sua juventude em Lisboa ao serviço do infante D. Duarte, neto de D. Manuel e sentiu-se atraído pela vida monástica, pela solidão e beleza da serra da Arrábida. Assim, foi admitido na Ordem do "Povorello", convento de Santa Cruz da Serra de Sintra onde tomou o hábito em 3 de Maio de 1560, dia do seu vigésimo aniversário, onde fez o ano de noviciado. Passou então a chamar-se Agostinho da Cruz.

O seu ardente desejo de viver como ermitão na serra da Arrábida acabou por realizar-se, pois os seus superiores concederam-lhe a licença necessária no dia de S. José do ano de 1605.

Aqui faleceu em 14 de Março de 1619, após internamento numa enfermaria do hospital de Nossa Senhora Anunciada, em Setúbal. Querido por toda a população setubalense, Frei Agostinho da Cruz viu-se rodeado por muito povo quando se espalhou a notícia de sua morte.

Certo é, no entanto, que os esboços biográficos que se seguiram não deixaram nunca de servir-se da obra do poeta para colmatar a ausência de informações sobre os motivos da sua conversão e, inclusive, para romancear a sua vida. Arantes dirá, com uma prontidão desconcertante, que “Não póde restar dúvida de que Agostinho Pimenta abandonou o mundo por causa de um amor infeliz e da guerra que, talvez por esse amor, lhe moveram”. Por outras palavras, a sua conversão foi o resultado de uma ferida aberta pela lança do Amor e pela lança da Difamação.

No tempo que lhe restava das suas obrigações, e devotos exercícios, se divertia em fazer bordões, que dava aos Frades, e oferecia aos Duques e Duquesas, quando o visitavam. Também pela inclinação, que tinha à Poesia, compunha a vários assuntos espirituais muitos sonetos, e outras variedades de versos. Não restam dúvidas de que Frei Agostinho da Cruz “compôs os seus poemas com intenções pedagógicas de catequese que visasse à conversão dos homens, seus irmãos” para além dos sonetos e elegias, inclui a restante produção, como éclogas, cartas, odes... Em relação às éclogas, elegias, odes e cartas, não têm sido levantadas dúvidas quanto à sua autoria. No seu conjunto, apresentam uma grande unidade de temas, motivos, conceitos, linguagem, ambiente e itinerário e constituem mais de metade dos versos conhecidos compostos por Frei Agostinho da Cruz. Há ainda um conjunto de composições em castelhano que carecem de confirmação de autoria, apesar de, tradicionalmente, serem atribuídas ao capucho arrábido.

A sua poesia é, portanto, profundamente cristocêntrica, de tal modo que o tema da contemplação da humanidade e Paixão de Jesus e o desejo de se crucificar com Ele constituem um tópico quase onipresente. No seu itinerário espiritual e poético, Agostinho da Cruz segue um percurso recorrente nos ascetas e místicos. À descoberta, através do sofrimento e da experiência da imperfeição humana, de que o mundo nada é e nada vale sucede um sentimento de atroz desengano que, por sua vez, abre o coração atormentado à procura e à conversão ao único amor que o pode perfazer:

Contemplando Cristo crucificado ou os instrumentos da Paixão, Agostinho da Cruz apresenta “outro ângulo de emoção”. O que mais o impressiona não é a crueldade, o sofrimento ou os pormenores das feridas. O que mais o impressiona é, isso sim, o fato de “serem manifestação e prova do amor de Deus pelos homens, mistério de redenção, e, por isso, os seus poemas ora se tornam um ato de júbilo, ora um ato de contrição, ou ambos, ao mesmo tempo”.

À coroa de espinhos

A que vindes, Senhor, do Ceo à terra,

Terra que sendo vossa vos enjeita,

E que tanto vos honra e vos respeita,

Que em vos não receber insiste e emperra?


Ah quanta ingratidão nela s’encerra!

Quão mal de vossa vinda se aproveita!

Pois se põe a tomar-vos conta estreita,

Mais brava contra vós, quanto [mais] erra.


E vós de vosso amor puro forçado

As malditas espinhas lhe pisais,

Das quais ainda sendo coroado,


A maldição antiga lhe trocais

Na benção, que lhe dais crucificado,

Quando morto d’amor, d’amor matais.




-Análise

A obra “À coroa de espinhos” de Frei Agostinho é um soneto, pois esta incluída na medida nova, apresentando-se dois quartetos e dois tercetos com versos decassílabos. A temática tangencia para o religioso que retrata o amor puro que força o senhor a descer do Céu à terra ingrata que o rejeita, aquilo que o toca mais profundamente. O conteúdo esta vinculado ao cristocêntrico, narra a manifestação e prova do amor de Deus pelos homens, propõe a contemplação da humanidade e a Paixão de Jesus e visa à conversão dos homens.




-Questionamento

Comente sobre a temática que Frei Agostinho da Cruz abordava em suas obras.

6 comentários:

  1. A temática é a Cristocentrica (teocentrica), mais voltada para Cristo e sua crucificação, em suas obras perpassam o desejo de se crucificar com Ele, fala também da inperfeição humana e perfeição de Cristo. É uma temática do trovadorismo, que fazia uso em sua estética da medida velha.

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  2. temática, fala do amor DEUS pelos homens, cristo sendo crucificado.Agostinho,entendeu que a história de Cristo na cruz foi muito mais que história, nas sim um ato de amor provando assim que Cristo é mais que palavras e sim vida, e vida em ambudância.BETÂNIA SILVA.

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  3. OBS.: ODENILDA REIS

    Segundo o texto, a temáticem a expõe o amor de Deus em relação aos homens, sendo que cristo foi crucificado, segundo Agustinho, nas suas obras reflete a vontade de estar junto a ele, sendo um ato de amor, uma forma encantadora de ver cristo com perfeição.

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  4. A sua temática é essencialmente cristocentrica. Fala de seu amor sacrificial e da imperfeição humana diante desse amor. (Éder da Silva Barbosa)

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  5. de acordo com o teocentrismo de ricardo shalfer, ele nos relata a imperfeição humana na idade primitiva, onde se observava a encantadora forma de ver o amor de Deus pelos Homens...

    Ronny Gadelha

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  6. É abordado em suas obras o valores religiosos (teocentrismo) percebemos a valorização de Deus, sua perfeição, seu amor, sua crucificação pelos homens e o não reconhecimento do mesmo pelos seus feitos.

    By Andrea Balieiro...

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