sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Diogo Bernardes

ADRIANA MONTEIRO
ALINE VANESSA DE SOUZA COSTA
LUAN PANTOJA
VANESSA CONRADO


Diogo Bernardes


Vida, Obra e Características de Diogo Bernardes (1530?-1596)
Literatura clássica, 1º período do renascimento/ humanismo e classicismo.

     
      Nascido em Ponte da Barca, porém há quem diga que na verdade nasceu em Ponte do Lima, por conta de documentos existentes no arquivo de suas publicações da obra: Rimas ao Bom Jesus. Filho de um tabelião e irmão de Frei Agostinho da Cruz, outro poeta português, Bernardes é um poeta Bucólico, chamado de o Poeta do Lima, um poeta de obra muito rica, porém bastante apagado, marginalizado e esquecido por conta da obra Camoniana que se sobrepôs a dos outros autores do Renascimento. Relacionou-se com António Ferreira, Sá de Miranda e Pêro Andrade Caminha, tendo partilhado com eles as concepções clássicas, como a fidelidade aos modelos greco-latinos e renascentistas espanhóis e italianos.

      Diogo Bernardes defende (digo "defende", no presente, pois ele eternizou-se através de sua obra) sua pátria em todo decorrer da leitura de suas obras. O Bucolismo em sua obra destaca-se claramente sob a influência dos clássicos greco-latinos (Longo, Teócrito ou Virgílio), mas também de clássicos mais ou menos coevos (os italianos F.Petrarca e J.Sannazaro, ou os espanhóis Garcilaso de la Vega, Fernando Herrera ou Barahona de Soto). Como já sabemos uma das caracteristicas principais do bucolismo é a comunhão com a natureza, por isso ele ressalta tanto a ocorrência do Rio Lima e toda sua historia ao decorrer de sua vida perto deste rio.

      Contudo, seu bucolismo apresenta-se ambivalente, na verdade dois ritmos poeticos: O primeiro é um lirismo mais luminoso e brando, de evidência renascentista, cantando o vale ameno e a fresca ribeira que emoldura o claro rio (bucolismo tranquilo); O segundo é um lirismo mais sombrio e queixoso, de filiação maneirista, em que o poeta se lamenta no seu vale de lágrimas, chorando com o rio (bucolismo dorido). É como se fossem dois movimentos do coração (sístole e diástole). Aliás, esta perspectiva é legitimamente aplicável a outros poetas contemporâneos de Bernardes, como Camões.

      Suas obras foram preparadas em três volumes: Várias Rimas ao Bom Jesus e Virgem Gloriosa Sua Mãe e a Santos Particulares (1594), O Lima (1596) e Rimas Várias. Flores do Lima (1597). A poesia de Bernardes tem composições tradicionais, redondilhas e medida nova (soneto, écloga, carta e canção).

      Diogo Bernardes tinha uma admiração muito grande por rios, preferia falar sobre os rios Tejo, Douro, Mondego, Leça e Vez, e claro, o rio Lima. Sua obra bucólica refletia a melancolia da doce paisagem, mas em sua obra já se encontrava traços do discurso barroco: recorrência de antíteses, paradoxos e enumerações, preciosismos e efeitos rebuscados.
     
      Tenha acesso a obra completa e original de Diogo Bernardes, em seguida, baixe em PDF AQUI  AQUI e AQUI.



Soneto LXXXVII

Leandro em noite escura ia rompendo
As altas ondas, delas rodeado
No meio do Helesponto, já cansado,
E o fogo já na torre morto vendo;

E vendo cada vez ir mais crescendo
O bravo vento, e o mar mais levantado;
De suas forças já desconfiado,
Os rogos quis provar, não lhe valendo.

"Ai ondas!" (suspirando começou):
Mas delas, sem lhe mais alento dar,
A fala contrastada, atrás tornou.

"Ai ondas!(outra vez diz) vento, mar,
Não me afogueis, vos rogo, enquanto vou;
Afogai-me depois quando tornar".

Diogo Bernardes


Análise;

Questionamento:

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Sá de Miranda

INSTITUTO DE ENSINO SUPERIOR DO AMAPÁ
GEICY NASCIMENTO DE ARAÚJO
KARLA LARISSA BARBOSA
KETIANE DO AMARAL FLEXA
NAYARA DO SOCORRO SOUSA PINHEIRO
ODENILDA SANTOS DOS REIS
RENATA UCHÔA DE SÁ CAVALCANTE




CLASSICISMO



Quatro séculos depois do início do Trovadorismo, surge em Portugal o Classicismo, também chamado de Quinhentismo por ter se manifestado no século XVI, em l527 (pela data), quando o poeta Sá de Miranda retorna da Itália trazendo as características desse novo estilo.
O tema predominante nas obras artísticas e literárias do Renascimento é sempre o HOMEM e tudo que diz respeito a ele.



I- Contexto Histórico do Classicismo: o RENASCIMENTO
As GRANDES NAVEGAÇÕES fazem com que o HOMEM do início do século XVI se sinta orgulhoso e confiante em sua capacidade criativa e em sua força: desafiar os mares, percorrer os Oceanos, descobrir novos mundos, produzir saberes, desenvolver as Ciências e transformá-las em tecnologia, tudo isso resulta no surgimento de um HOMEM muito diferente daquele existente na Idade Média e esse homem volta a ser o centro da sua própria vida (ANTROPOCENTRISMO). O que esse homem faz de melhor é em prol de si mesmo e isso se reflete também na Arte e na Literatura que ele produz nessa época. Esse caráter humanista ou antropocêntrico estava esquecido nas "trevas" da Idade Média, mas já havia existido na Antiguidade (na civilização grega, por exemplo) e é porque, no início do século XVI, ocorre o ressurgimento ou renascimento do Antropocentrismo, que esse período da História é chamado de RENASCIMENTO. O Renascimento é o momento histórico em que o homem produz grande quantidade e qualidade de obras artísticas e literárias; elas perdem o primitivismo e a ingenuidade das obras medievais e ganham um aprimoramento técnico que supera até as obras da Antiguidade: as cores se multiplicam, surge a noção de perspectiva, as formas humanas são concebidas de maneira mais nítida, no caso da Arte. O "berço" do Renascimento é a Itália.


II- A Literatura produzida no Renascimento: o CLASSICISMO
A volta do mesmo espírito antropocêntrico da Antiguidade faz com que o homem renascentista busque inspiração nos modelos artísticos e literários - nas obras - das antigas civilizações, principalmente nas da Grécia Antiga. Assim, as características das obras da Antiguidade são trazidas de volta e são também características das obras renascentistas. A Idade Antiga é também chamada de Idade Clássica e as obras produzidas naquela época são igualmente chamadas de clássicas. Como a obra renascentista possui as mesmas características da obra da Antiguidade, também ela é chamada de clássica e esse período artístico e literário, de CLASSICISMO.



III- Características do Classicismo Renascentista:
1. ANTROPOCENTRISMO
2. PRESENÇA DE ELEMENTOS DA MITOLOGIA
3. PRESENÇA DE ELEMENTOS DO CRISTIANISMO
4. PRECIOSISMO VOCABULAR
5. OBEDIÊNCIA À VERSIFICAÇÃO
6. FIGURAS (= em especial a Personificação)
7. RACIONALISMO( = objetividade)
8.UNIVERSALISMO(= generalização


Sá de Miranda


Nome: Francisco Sá de Miranda
Nascimento: 28-8-1481, Coimbra
Morte: c. de 1558
Francisco Sá de Miranda nasceu em 28 de Agosto de 1481 na cidade de Coimbra. Filho de Gonçalo Mendes de Sá e de Inês de Melo frequentou talvez influenciado pelo pai, o Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra que ministrava, de acordo com a formação humanista da época, o ensino das línguas latina e grega. Formou-se em Direito, na Universidade de Lisboa e frequentou os serões da corte, começando, então, a escrever cantigas, esparsas e vilancetes que, mais tarde, foram inseridos no Cancioneiro Geral, de Garcia de Resende.
Desejoso de conhecer in loco as fontes renascentistas viajou em 1521 para Milão, Veneza e Roma, tendo aí vivido cerca de cinco anos. Habituado a um ambiente "fechado" e tradicionalista, ficou impressionado e mesmo revoltado com a dissolução dos costumes destas cidades, envolvidas pelos ares da modernidade. Aqui conviveu com grandes vultos das novas mentalidades da renascença, nomeadamente o cardeal Bembo Sannazzaro, grande nome da literatura da época, e Ariosto. Em 1526, de passagem por Espanha, conheceu Boscan e Gracilaso.
Regressando a Portugal, entre 1526 e 1527, continuou a manter contactos frequentes com a corte, agora instalada em Coimbra. No entanto, quatro anos mais tarde, retira-se da cidade e recolhe-se na Comenda de Duas Igrejas concedida pelo Estado, onde passará a viver com os bens resultantes da herança paterna. Casando em 1530 com D. Briolanja de Azevedo, ali vive cerca de 20 anos, durante os quais contacta com fidalgos e amigos escritores, que marcaram profundamente a sua criação literária.
Mais tarde, em 1552, com as terras adquiridas no concelho de Amares, constitui a Quinta da Tapada, onde recebe a notícia da morte de alguns entes queridos, nomeadamente de seu filho Gonçalo Mendes de Sá, tombado na luta contra os Mouros, em Ceuta, de sua mulher, em 1555, do príncipe D. João (pai de D. Sebastião), do infante D. Luís (filho de D. Manuel) e de D. João III.
Integrado na corrente humanista, Sá de Miranda é conhecido por introduzir novas formas literárias, nomeadamente a medida nova - decassílabo - e a comédia em prosa, e pelos valores morais que defendeu.
Morre em 1558, com cerca de 80 anos, depois de uma vida dedicada às Letras, das quais fez um permanente veículo de intervenção social e literária.
O Cancioneiro Geral encerra poesia palaciana de Sá de Miranda e é no verso tradicional que ele realiza o melhor da sua obra - as Cartas. Num esforço digno de elogio, este poeta, que filosofou com as musas e poetou com os filósofos, tentou as várias espécies e géneros que o Renascimento criara, ou restaurara do Classicismo.
Restaurou:
a Ode - poesia que tem os seus antepassados em Anacreonte, Píndaro, Alceu e Safo. É, em geral, poesia panegirista ao Amor, à Virtude, às grandes figuras. Píndaro foi o autor das odes que glorificavam os vencedores dos jogos olímpicos. Estas odes eram cantadas e tinham forma tripartida em estrofe, antístrofe e apodo. Anacreonte foi o poeta do amor, a poetisa Safo versa, principalmente, temas morais.
a Elegia - sucedânea, entre nós, do pranto, era uma composição de tom lamentoso, saudosista, triste, embora na Grécia tivesse mais amplitude de temas.
a Écloga - também tem precedentes na Península, na pastorela da poética trovadoresca, mas é em Teócrito, como já vimos, que tem as suas raízes.
a Carta - a célebre Epístola aos Pisões de Horácio, que é, para os Romanos, uma Arte Poética à maneira da de Aristóteles, está na origem desta espécie que vai ser muito versada no século XVI. Não é composição amorosa. Em Sá de Miranda é, essencialmente, de natureza moralista, em António Ferreira, de feição literária.



Soneto:
O Sol é grande



O Sol é grande; caem c'a calma as aves,
do tempo em tal sazão, que soe ser fria.
Esta água que cai d'alto, acordar-m'-ia
do sono não, mas de cuidado graves.

Ó cousas, todas vãs, todas mudaves!
qual é tal coração qu'em vos confia?
Passam os tempos, vai dia trás dia,
incertos muito mais que o vento as naves.

Eu vira já aqui sombras, vira flores,
vi tantas águas,vi tanta verdura,
as aves todas cantavam d'amores.

Tudo é seco e mudo; e, de mistura,
também mudando-m'eu fiz doutra cores
e tudo o mais renova, isto é sem cura!

ANÁLISE:
É um soneto clássico, com versos decassílabos e rimas externas emparelhadas e interpoladas nos dois quartetos e alternadas nos dois tercetos. A linguagem é bem clara, onde predominam figuras de construção, tais como as anáforas (por exemplo, “ver”) e enumerações que servem para intensificar a ideia de mudança. Sá de Miranda enumera as figuras da natureza presentes no soneto: aves, água, sombras, flores e verdura. Apresenta um eu-lírico mais emotivo, o que pode ser constatado pela inscrição de um “Eu” no texto no início da segunda estrofe, e do ponto de exclamação no final do soneto, onde o sujeito se inscreve como o derradeiro objeto de mudança.

Ó meus castelos de vento
Ó meus castelos de vento
que em tal cuita me pusestes,
como me vos desfizestes!
Armei castelos erguidos,
esteve a fortuna queda,
e disse:– Gostos perdidos,
como is a dar tão grã queda!
Mas, oh! fraco entendimento!
em que parte vos pusestes
que então me não socorrestes?
Caístes-me tão asinha
caíram as esperanças;
isto não foram mudanças,
mas foram a morte minha.
Castelos sem fundamento,
quanto que me prometestes.
quanto que me falecestes.




Análise:
A redondilha de Sá de Miranda do ponto de vista estético é da medida velha, pois a mesma obedece à poesia de tradição popular, onde possuem 5 ou 7 sílabas (menor ou maior). A sua linguagem é elíptica, sóbria, densa, forte, trabalhada, sendo muitas vezes difícil de entender e às vezes demasiado dura. Para Sá de Miranda, a poesia não é uma ocupação para ócios de intelectual ou de salões, mas uma missão sagrada. O poeta é como um profeta, onde deve denunciar os vícios da sociedade, sobretudo da Corte, o abandono dos campos e a preocupação exagerada do luxo, que tudo corrompe, deve propor a vida sadia em contato com a natureza, a simplicidade e a felicidade dos lavradores.

QUESTIONÁRIO:
• Qual sua opinião sobre o soneto e a redondilha de Sá de Miranda, exposta em nosso trabalho?

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Antônio Ferreira

INSTITUTO DE ENSINO SUPERIOR DO AMAPÁ
ANDREA BALIEIRO
BETÂNIA ALMEIDA
ÉDER BARBOSA
WILKS GALVÃO






Antonio Ferreira (Lisboa, 1528 - 1569), escritor e humanista português, um dos mais importantes do Renascimento, conhecido como "o Horácio português".

Estudou Direito na Universidade de Coimbra, onde teve por mestres Diogo de Teive, com quem aprendeu as Literaturas greco-romanas, e Jorge Buchanan.Foi desembargador do Tribunal da Relação de Lisboa. Como discípulo mais destacado do poeta Sá de Miranda, destacou-se na elegia, na epístola, nas odes e no teatro.

Em 1564, casou-se com D. Maria Leite, natural de Lamas de Orelhão, no concelho de Valpaços, local onde recolheu as informações para a sua "História de Santa Comba dos Valles", sobre a Lenda de Santa Comba dos Vales. Seu filho, Miguel Leite Ferreira, publicou seus poemas sob o título de Poemas lusitanos em Lisboa (1598) e suas comédias apareceram em 1621 junto com as de Francisco Sá de Miranda.

Sua obra mais conhecida é uma tragédia, A Castro o Tragédia de Inês de Castro, de inspiração clássica em cinco atos, na qual aparece um coro grego, está escrita em verso polimétrico. O tema, os amores do príncipe D. Pedro de Portugal pela nobre Inês de Castro e o assassinato desta em 1355 por razão de estado, por ordem do pai do príncipe, o rei Afonso IV de Portugal, será no futuro um dos mais tratados pelos dramaturgos europeus. Esta tragédia só foi impressa em 1587.

É considerado um dos maiores poetas do classicismo renascentista de língua portuguesa. Em 1569 morreu de peste negra.

SONETO
Dos mais fermosos olhos, mais fermoso
Rosto, que entre nós há, do mais divino
Lume, mais branca neve, ouro mais fino,
Mais doce fala, riso mais gracioso:

Dum Angélico ar, de um amoroso
Meneio, de um esprito peregrino
Se acendeu em mim o fogo, de que indino
Me sinto, e tanto mais assi ditoso.

Não cabe em mim tal bem-aventurança.
É pouco üa aima só, pouco üa vida,
Quem tivesse que dar mais a tal fogo!

Contente a alma dos olhos água lança
Pelo em si mais deter, mas é vencida
Do doce ardor, que não obedece a rogo.
ANTÔNIO FERREIRA

Bibliografia: Odes, subgénero que introduziu em Portugal, elegias, éclogas, epitáfios, epigramas e sonetos; A Castro (tragédia); Bristo (comédia); Cioso (comédia).Nota: A sua obra foi compilada e impressa em Lisboa, em 1598, sob o título Poemas Lusitanos, dedicados por seu filho Miguel Leite Ferreira ao príncipe D. Filipe


Como referencia:
António Ferreira. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2011. [Consult. 2011-09-27].

QUESTÃO: Que assunto, segundo o texto, seria um dos mais explorados por Antônio Ferreira?

Pêro de Andrade Caminha


( Não Há Fotos)

Poeta português, natural do Porto, nascido em 1520 e falecido em 1589, em Vila Viçosa. Foi camareiro de D. Duarte, duque de Guimarães e neto do rei D. Manuel, servindo também os Duques de Bragança, em Vila Viçosa, após a morte daquele. Este facto permitiu-lhe integrar-se na vida palaciana e dedicar-se, por inteiro, à poesia-divertimento requintado. Foi ainda fidalgo da casa de D. João III, diplomata, cavaleiro da Ordem de Cristo por intervenção de Filipe I de Portugal e provedor da Misericórdia em Vila Viçosa. Terá acompanhado D. Sebastião na expedição a África, a Alcácer Quibir, antes de desempenhar, em 1578, as funções diplomáticas já referidas.
A figura deste poeta foi durante muito tempo denegrida pelo facto de ter deposto contra Damião de Góis no processo inquisitorial que este sofreu e por uma alegada inimizade com Camões.
Embora lhe tenha faltado a qualidade literária dos chamados géneros nobres do seu tempo, Caminha compôs no bilinguismo característico da época, inúmeras glosas, cantigas e vilancetes, verdadeiro património da literatura de tradição oral. Sendo o poeta português mais representado no Cancioneiro Musical e Poético da Biblioteca de Públia Hortênsia de Castro, a sua obra foi editada em duas coletâneas poéticas: Poesias e Poesias Inéditas.
Inspirou-se em cantares antigos, portugueses e castelhanos, glosando os motes Na fonte está Lianor, Coifa de beirame,Catarina bem promete e muitos outros, dando assim forma a uma poesia popularizante com vestígios e formas da poesia oral.
A sua vertente clássica, influenciada pelos textos de Dante e de Petrarca, pode ser apreciada nas suas Poesias Inéditas(454 composições), que só foram imprimidas em 1791 a mando da Academia das Ciências, e na obra com o mesmo título editada em 1898, em Halle, por Priebsch, da qual constam 545 espécies, 452 das quais inéditas. Esta coletânea divide-se em duas partes, a primeira dedicada pelo autor a D. Francisca de Aragão, musa dos seus poemas de elogio, queixa e adoração convencionais; a segunda, a D. Duarte, mecenas e amigo.

Bibliografia: Poesias Inéditas (1791)

Reseumo: Pêro de Andrade Caminha (152?-1589) nasceu no Porto e faleceu em Vila Viçosa. Foi fidalgo da Casa de D. João III. Terá acompanhado D. Sebastião na expedição a África e em 1578 desempenhou funções de diplomacia. Foi provedor da Misericórdia de Vila Viçosa nos últimos anos de vida. Como poeta, foi amigo de Sá de Miranda e António Ferreira, partilhando com eles a estética clássica. A sua obra poética manteve-se inédita até 1791, data em que a Academia das Ciências de Lisboa publicou parte dela. Em 1898, J. Priebsch publica em Halle um volume com uma grande quantidade de composições inéditas.



SONETO I



De Amor escrevo, de Amor falo e canto;
E se minha voz fosse igual ao que amo,
Esperara eu sentir na que em vão chamo
Piedade, e na gente dor e espanto.

Mas não há pena, ou língua, ou voz, ou canto
Que mostre o amor por que eu tudo desamo,
Nem o vivo fogo em que me sempre inflamo,
Nem de meus olhos o contínuo pranto.

Assi me vou morrendo, sem ser crida
A causa por que em vão mouro contente,
Nem sei se isto que passo é vida ou morte.

Mas inda da que eu amo fosse ouvida
E crida minha voz, e da vã gente
Nunca entendida fosse minha sorte!

in «Poesias Inéditas»
Imprensa Nacional, Lisboa, 1989


















Frei Agostinho da Cruz

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Vida e obra

Frei Agostinho da Cruz era natural da vila de Ponte da Barca, na bela província do Minho, onde nascera junto ao rio Lima em 3 de Maio de 1540.

Moço fidalgo de nome Agostinho Pimenta, passou a sua juventude em Lisboa ao serviço do infante D. Duarte, neto de D. Manuel e sentiu-se atraído pela vida monástica, pela solidão e beleza da serra da Arrábida. Assim, foi admitido na Ordem do "Povorello", convento de Santa Cruz da Serra de Sintra onde tomou o hábito em 3 de Maio de 1560, dia do seu vigésimo aniversário, onde fez o ano de noviciado. Passou então a chamar-se Agostinho da Cruz.

O seu ardente desejo de viver como ermitão na serra da Arrábida acabou por realizar-se, pois os seus superiores concederam-lhe a licença necessária no dia de S. José do ano de 1605.

Aqui faleceu em 14 de Março de 1619, após internamento numa enfermaria do hospital de Nossa Senhora Anunciada, em Setúbal. Querido por toda a população setubalense, Frei Agostinho da Cruz viu-se rodeado por muito povo quando se espalhou a notícia de sua morte.

Certo é, no entanto, que os esboços biográficos que se seguiram não deixaram nunca de servir-se da obra do poeta para colmatar a ausência de informações sobre os motivos da sua conversão e, inclusive, para romancear a sua vida. Arantes dirá, com uma prontidão desconcertante, que “Não póde restar dúvida de que Agostinho Pimenta abandonou o mundo por causa de um amor infeliz e da guerra que, talvez por esse amor, lhe moveram”. Por outras palavras, a sua conversão foi o resultado de uma ferida aberta pela lança do Amor e pela lança da Difamação.

No tempo que lhe restava das suas obrigações, e devotos exercícios, se divertia em fazer bordões, que dava aos Frades, e oferecia aos Duques e Duquesas, quando o visitavam. Também pela inclinação, que tinha à Poesia, compunha a vários assuntos espirituais muitos sonetos, e outras variedades de versos. Não restam dúvidas de que Frei Agostinho da Cruz “compôs os seus poemas com intenções pedagógicas de catequese que visasse à conversão dos homens, seus irmãos” para além dos sonetos e elegias, inclui a restante produção, como éclogas, cartas, odes... Em relação às éclogas, elegias, odes e cartas, não têm sido levantadas dúvidas quanto à sua autoria. No seu conjunto, apresentam uma grande unidade de temas, motivos, conceitos, linguagem, ambiente e itinerário e constituem mais de metade dos versos conhecidos compostos por Frei Agostinho da Cruz. Há ainda um conjunto de composições em castelhano que carecem de confirmação de autoria, apesar de, tradicionalmente, serem atribuídas ao capucho arrábido.

A sua poesia é, portanto, profundamente cristocêntrica, de tal modo que o tema da contemplação da humanidade e Paixão de Jesus e o desejo de se crucificar com Ele constituem um tópico quase onipresente. No seu itinerário espiritual e poético, Agostinho da Cruz segue um percurso recorrente nos ascetas e místicos. À descoberta, através do sofrimento e da experiência da imperfeição humana, de que o mundo nada é e nada vale sucede um sentimento de atroz desengano que, por sua vez, abre o coração atormentado à procura e à conversão ao único amor que o pode perfazer:

Contemplando Cristo crucificado ou os instrumentos da Paixão, Agostinho da Cruz apresenta “outro ângulo de emoção”. O que mais o impressiona não é a crueldade, o sofrimento ou os pormenores das feridas. O que mais o impressiona é, isso sim, o fato de “serem manifestação e prova do amor de Deus pelos homens, mistério de redenção, e, por isso, os seus poemas ora se tornam um ato de júbilo, ora um ato de contrição, ou ambos, ao mesmo tempo”.

À coroa de espinhos

A que vindes, Senhor, do Ceo à terra,

Terra que sendo vossa vos enjeita,

E que tanto vos honra e vos respeita,

Que em vos não receber insiste e emperra?


Ah quanta ingratidão nela s’encerra!

Quão mal de vossa vinda se aproveita!

Pois se põe a tomar-vos conta estreita,

Mais brava contra vós, quanto [mais] erra.


E vós de vosso amor puro forçado

As malditas espinhas lhe pisais,

Das quais ainda sendo coroado,


A maldição antiga lhe trocais

Na benção, que lhe dais crucificado,

Quando morto d’amor, d’amor matais.




-Análise

A obra “À coroa de espinhos” de Frei Agostinho é um soneto, pois esta incluída na medida nova, apresentando-se dois quartetos e dois tercetos com versos decassílabos. A temática tangencia para o religioso que retrata o amor puro que força o senhor a descer do Céu à terra ingrata que o rejeita, aquilo que o toca mais profundamente. O conteúdo esta vinculado ao cristocêntrico, narra a manifestação e prova do amor de Deus pelos homens, propõe a contemplação da humanidade e a Paixão de Jesus e visa à conversão dos homens.




-Questionamento

Comente sobre a temática que Frei Agostinho da Cruz abordava em suas obras.

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Luís Vaz de Camões




SOBRE CAMÕES E SEU ESTILO: Esse poeta português foi e é um dos maiores vultos da literatura da Renascença, sua obra se coloca entre as mais importantes da literatura ocidental. Camões é considerado o poeta português mais completo de sua época e/ou de toda a literatura de língua portuguesa. É assim considerado pela amplitude dos temas de que abordou e pelo perfeito uso da língua que o beneficiou ampliando seus horizontes de expressão.




Em suas obras a língua portuguesa passou a expressar sentimentos, sensações, fatos e ideias, da forma que ninguém naquele momento alcançara. Sua posição de destaque entre os poetas portugueses de seu tempo é devida também ao fato de em sua obra estarem presentes tanto o humanismo como a expansão ultramarina, isto é, os dois elementos que caracterizaram o Renascimento português. Tornou-se célebre não somente por ter escrito Os Lusíadas, mas também por sua obra lírica, constituída por vários tipos de poemas, dentre os mais famosos certamente são os sonetos. A obra lírica de Camões é constituída por poemas feitos em medida velha e em medida nova.



A medida velha obedece a poesia de tradição popular, as redondilhas menor (de 5 sílabas) e maior (de 7 sílabas). São composições com um tema. Os poemas em medida nova são formas poéticas ligadas a tradição clássica. São eles: Sonetos; Éclogas; Elegias; Canções; Oitavas; Sextinas. Nos poemas de medida velha, Camões está mais próximo da poesia popular medieval, já nos de medidaa nova aproxima-se de grandes clássicos.


Na poesia lírica de Camões o amor é descrito como um sentimento que entusiasma o homem, tornando-o capaz de atingir o Bem, a Beleza e a Verdade. Também aparece por um lado que o Amor é manifestação do espírito e por outro é manifestação física. Para ele, o Amor deve ser experimentado, deve ser sentido e não ser apenas mental. Na sua poesia lírica, o poeta passa a ideia de que o amor só é válido quando é complexo e contraditório.






BIOGRAFIA: As informações sobre a sua biografia são relativamente escassas e pouco seguras, apoiando-se em poucos documentos e breves referências dos seus contemporâneos. A própria data do seu nascimento, assim como o local, é incerta, tendo sido deduzida a partir de uma Carta de Perdão real de 1553. A sua família teria ascendência galega, embora se tenha fixado em Portugal séculos antes. Pensa-se que estudou em Coimbra, mas não se conserva qualquer registro seu nos arquivos universitários.


Serviu como soldado em Ceuta, por volta de 1549-1551, aí perdendo um olho. Em 1552, de regresso a Lisboa, esteve preso durante oito meses por ter ferido, numa rixa, Gonçalo Borges, um funcionário da corte. Data do ano seguinte a referida Carta de Perdão, ligada a essa ocorrência. Nesse mesmo ano, seguiu para a Índia. Nos anos seguintes, serviu no Oriente, ora como soldado, ora como funcionário, pensando-se que esteve mesmo em território chinês, onde teria exercido o cargo de Provedor dos Defuntos e Ausentes, a partir de 1558. Em 1560 estava de novo em Goa, convivendo com algumas das figuras importantes do seu tempo (como o vice-rei D. Francisco Coutinho ou Garcia de Orta).


Em 1569 iniciou o regresso a Lisboa. No ano seguinte, o historiador Diogo do Couto, amigo do poeta, encontrou-o em Moçambique, onde vivia na penúria. Juntamente com outros antigos companheiros, conseguiu o seu regresso a Portugal, onde desembarcou em 1570. Dois anos depois, D. Sebastião concedeu-lhe uma tença, recompensando os seus serviços no Oriente e o poema épico que, entretanto publicara, Os Lusíadas. Camões morreu a 10 de Junho de 1580, ao que se diz na miséria. No entanto, é difícil distinguir aquilo que é realidade, daquilo que é mito e lenda romântica, criados em torno da sua vida.




X X X



POESIA (MEDIDA VELHA)




Descalça vai para a fonte


Descalça vai para a fonte


Lianor pela verdura;


Vai fermosa, e não segura.



Leva na cabeça o pote,


O testo nas mãos de prata,


Cinta de fina escarlata,


Sainho de chamelote;


Traz a vasquinha de cote,


Mais branca que a neve pura.


Vai fermosa e não segura.



Descobre a touca a garganta,


Cabelos de ouro entrançado


Fita de cor de encarnado,


Tão linda que o mundo espanta.


Chove nela graça tanta,


Que dá graça à fermosura.


Vai fermosa e não segura.




ANÁLISE: As composições de Camões na Medida Velha eram bastante brincalhonas, pois faziam parte de sua mocidade. Essas composições mostravam a habilidade formal do poeta, que era bem preso às imagens, ambigüidades e trocadilhos, porém voltado para a demonstração da habilidade de manipulação das palavras e conceitos. Nesse texto podemos notar os elogios para um ser observado pelo eu-lírico, onde se mostra um cenário bucólico, é relato de um dia-a-dia, são composições de aparentes observações do autor.



SONETO (MEDIDA NOVA)



Quem diz que Amor é falso ou enganoso,


ligeiro, ingrato, vão, desconhecido,


Sem falta lhe terá bem merecido


Que lhe seja cruel ou rigoroso.




Amor é brando, é doce e é piedoso;


Quem o contrário diz não seja crido:


Seja por cego e apaixonado tido,


E aos homens e inda aos deuses odioso.






Se males faz Amor, em mi se vêem;


Em mim mostrando todo o seu rigor,


Ao mundo quis mostrar quanto podia.






Mas todas suas iras são de amor;


Todos estes seus males são um bem,


Que eu por todo outro bem não trocaria.





ANÁLISE: No textos em Medida Nova, Camões é voltado para o antropocentrismo, onde a figura humana é o centro do universo, o sentimentalismo, o afeto, as ideias etc. entram em cena com Camões. Fala-se neste texto de Amor, muitas vezes usado com a letra "A" maiúscula, não é esse o caso, a contradição é evidente, onde amor é ruin e bom ao mesmo tempo, pois "todos esses males são um bem", Camões fala do amor verdadeira que faz sofrer e faz feliz, e se pudesse trocar esse bem por outro, não o trocaria, já que essa é a essêcia da vida.


QUESTIONAMENTO PARA OS GRUPOS: Analisando os dois textos de Luíz Vaz de Camões, comente as disparidades entre ambos de acordo com a medida nova e a medida velha.